Fonte: ECO
A formação de uma bolha especulativa no preço dos ativos, em particular do imobiliário, saltou para o topo das preocupações dos empresários portugueses, de acordo com o Fórum Económico Mundial.
principal preocupação dos empresários em Portugal é o risco da formação de uma bolha especulativa, de acordo com o Fórum Económico Mundial, que aponta o aumento pronunciado dos preços no setor imobiliário – em Portugal e Irlanda mais de 10% no último ano – como um problema caso as taxas de juro comecem a subir.
No relatório “Riscos Regionais dos Negócios 2019”, elaborado em conjunto com o grupo Marsh & McLennan Companies e o grupo Zurich, o Fórum Económico Mundial fez um inquérito a 13 mil líderes empresariais em mais de 130 países.
Nas respostas, os empresários demonstraram como a sua principal preocupação o risco de se vir a desenvolver uma bolha especulativa, um risco que passou para o centro das preocupações em muitos países europeus. Há um ano, era apenas o quarto de cinco riscos apontados pelos empresários, este ano passou a ser o segundo mais importante em países como Alemanha, França e Espanha.
Em Portugal, Suécia, Chipre, Estónia e Lituânia este passou para o topo das preocupações dos empresários (há um ano era apenas o terceiro risco), com o Fórum Económico Mundial a apontar para o crescimento expressivo dos preços das casas na região como a principal razão para esse receio.
A Organização diz que na atual conjuntura, em que as taxas de juro se mantêm baixas há já vários anos, o receio das empresas europeias é que o mercado imobiliário reaja de forma negativa quando as taxas de juro voltarem a subir.
Os empresários apontam como segundo risco mais importante a possibilidade de falência de uma instituição financeira, um tema muito mediático em Portugal na última década depois das intervenções do Estado em bancos como o BPN, o Banif e o Banco Espírito Santo (os últimos dois no processo de resolução), e em que o Estado continua todos os anos a ser responsável por uma injeção de capital no Novo Banco, na sequência do acordo de venda deste banco após a resolução do BES.
Empatado entre os últimos receios que os empresários valorizaram neste relatório em relação a Portugal, está o fantasma de uma crise orçamental. A questão das finanças públicas domina o debate orçamental e político em Portugal há vários anos, especialmente depois do início da crise financeira e económica.
No entanto, este já não é o principal risco na cabeça dos empresários, até porque as finanças públicas portuguesas se encontram num período de normalização, com o défice perto de passar a excedente, e com resultados anuais gradualmente melhores.
A dívida pública portuguesa ainda se encontra em níveis elevados – é a terceira maior da Zona Euro em percentagem do PIB –, mas também tem vindo a diminuir gradualmente, por força do crescimento económico robusto que se tem verificado nos últimos anos e, naturalmente, das contas cada vez mais perto do equilíbrio.